Umuntu ngumuntu ngabantu

Umuntu ngumuntu ngabantu (“uma pessoa é uma pessoa por meio de outras pessoas”). Em línguas xhosa e zulu, essa é a definição de ubuntu, palavra de origem banto, o grupo de línguas faladas por 350 milhões de pessoas na África ao sul do Equador. Ubuntu significa ser com e pelo outro, polidez e cortesia, comunhão e compaixão, cuidado do outro sem descuidar de si. Significa o plural que não exclui o singular e vice-versa. Ubuntu é um “nós” elevado à condição de sustento de uma comunidade e de cada um dos seus membros. A personalidade, a moralidade, o ser da pessoa não são inatos: se conquistam pela prática do ubuntu, pelo respeito do que é comum.

O ubuntu é a capacidade de expressar compaixão, reciprocidade, dignidade e humanidade no interesse de construir e manter comunidades com justiça e cuidado mútuo. A filosofia do ubuntu é integrada a todos os aspectos da vida cotidiana, um conceito compartilhado por todas as tribos da África Austral, Central, Ocidental e Oriental entre as pessoas de origem banto. A solidariedade comunitária faz possível suportar o fardo de um ambiente hostil, da fome, do isolamento, da privação e da pobreza. A visão africana da personalidade rejeita a ideia de que uma pessoa possa ser identificada pelas características físicas e psicológicas: exige a interconexão, a humanidade comum e a responsabilidade dos indivíduos entre si.

Não se trata de “penso, logo existo”, mas de “sou humano porque pertenço, participo, compartilho”. O ubuntu defende que as pessoas devem tratar os outros como parte da família humana extensa. Envolve sensibilidade às necessidades dos outros, caridade, simpatia, cuidado, respeito, consideração e bondade. Uma visão da vida e do mundo com base em uma “irmandade universal” sempre presente, ainda quando não seja visível. Todas as facetas da vida são moldadas para abraçar o ubuntu, que reflete herança, tradições, cultura, costumes, crenças, sistemas de valores e estruturas familiares ampliadas da África.

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